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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Análise Exegética de Colossenses 3:24

Colossenses 3: 24 “Sabendo que do Senhor recebereis a recompensa da herança, pois a Cristo o Senhor servis”.

Em todo este capítulo, vemos Paulo apresentando alguns princípios que auxiliam o cristão a viver uma vida cristã sadia na presença de Deus. Para que isso aconteça é necessário um esvaziar-se de si mesmo e ser revestido da graça de Deus, “E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos” (vs. 15).
No versículo que está sendo analisado, percebemos que Paulo inicia dizendo que os crentes de Colossenses eram sabedores que a sua recompensa verdadeira procederia intimamente do Senhor e não de homem algum, poderiam até receber algo dos homens, mas a genuína herança pertence somente a Deus, por isso, tudo que eles empreitassem a fazer deveriam pensar em agradar tão somente ao seu Senhor e Salvador.
Uma vez que o Senhor (kurioj) é o galardoador daqueles que o busca e os serve com convicção e submissão a sua vontade, os colossenses deveriam sempre atentar para os princípios do seu Mestre. Veja como é importante o uso do vocábulo grego empregado por Paulo. Ele usa a palavra kyrios (kurioj), ao invés de despotes (despóthj), e isso, faz uma grande diferença no texto, pois despotes está relacionado a um domínio e senhorio na vida pública e familiar, sendo esse domínio muitas vezes severo, enquanto, que kyrios diz respeito em maior ocorrência a implicações de conformidade com a lei (legalidade) e plena autoridade reconhecida do senhorio.
Portanto, o serviço prestado ao kyrios é prestado ao Senhor da Igreja. Sendo assim, essa palavra é empregada por Paulo para demonstrar e reivindicar o poder ao Senhor Glorificado para a vida da igreja e do individuo. O que vai determinar uma total vida cristã é o relacionamento que cada crente demonstra ter com o kyrios.
É exatamente do Senhor (kyrios), que o cristão receberá (apolhmyesqe) a recompensa da herança que fora reservada desde a fundação do mundo. Esse galardão será alcançado por todos aqueles que se submeterem ao Senhorio de Cristo e buscarem viver conforme a sua Palavra determina.
Essa recompensa é que gera esperança na vida do cristão, ao qual, vive dia após dia esperando o grande dia de ser recompensado pela genuína graça divina. É justamente isso, o cristão não é recompensado por seus próprios méritos ou afazeres, mas por causa da graça infinita do Senhor. Uma das palavras muito comum no Novo Testamento usada para recompensa é misthos, usada na vida comercial da época para denotar o pagamento que era feito a um trabalhador. No entanto, a palavra que Paulo emprega é antapodosis (antapodosij), ao qual, se refere a recompensa divina e está ligada ao âmbito espiritual. Essa recompensa, não é, portanto, uma questão de calcular as obras individuais, umas contra as outras, o que de fato é válido, é se somos achados leais a Jesus e a sua Palavra. Mediante a eleição (graça) têm uma justiça que leva à vida. Essa é a recompensa que Paulo cita ao qual, consiste na herança que Deus dá.
Essa herança de Deus é uma porção que fora separada pelo Senhor desde a criação de todas as coisas. Desde a criação do homem, Deus quis que o homem não tivesse uma vida autônoma, isolada e auto-suficiente. Por isso, a herança do crente, no sentido teológico mais profundo, é algo que advém do próprio Deus.
A herança kleronomia (klhronomia) que Paulo usa, diz respeito e vincula-se com os atos históricos salvíficos de Deus. Por isso, a herança do crente, é a salvação de sua alma, por meio, de Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo. O conceito essencial desse termo é aquele de “herdar” a promessa para a qual os crentes são conclamados. Porém, essa idéia de herança, não é somente futura (escatológica), mas também pode ser percebida e vivida mediante a fé, e essa idéia de ser vivenciada hoje, decorre da nossa posição de herdeiros através de Jesus Cristo. Assim como Ele é Santo, sejamos santos, como Ele é Perfeito, sejamos perfeitos.
O fato de Jesus nos chamar para segui-lo é, em si mesma, uma dádiva da vida eterna, do reino de Deus, e da comunhão com Ele. Assim, percebemos que essa herança não se merece como direito, mas, sim, é uma dádiva divina, ainda a ser recebida em toda a sua totalidade e plenitude.
A salvação que está enfaticamente inserida nesse versículo se relaciona também diretamente com o serviço que é prestado pelo cristão. Uma vez que o cristão serve a Cristo, ele tem em si mesmo a recompensa. E esse serviço douleuo (douleuw), significa ser sujeito a, ou prestar serviço. O servo de Cristo está sujeito a Ele e lhes presta serviço, e esse serviço não exclui a recompensa. Jesus em uma das suas parábolas delega ao escravo uma posição de responsabilidade e comando, o que não se extingue a submissão e a obediência exclusiva e absoluta ao seu Senhor.
Por meio de Cristo, Paulo afirma que o cristão se libertou da escravidão do pecado. Essa redenção liberta a pessoa para o serviço obediente mediante o comando do Kyrios (Senhor), e a leva para o serviço da justiça, na nova natureza doado pelo Espírito Santo. Aqueles que foram totalmente libertos têm uma natureza obrigatória em servir a Deus e ao próximo.

Exegese de Judas 1:3

A epístola de Judas tem como tema principal, um assunto cada dia mais presente em meio à igreja. Trata desde as bênçãos do Senhor para os crentes fiéis como da vigilância as falsas doutrinas que se levantam em meio ao povo de Deus. Foi rapidamente aceita e espalhada pelos cristãos primitivos, sendo considerada a autoria de Judas meio irmão de Jesus e irmão de Tiago, denominado por ele próprio como servo de Jesus Cristo.
O autor fora surpreendido por uma série de ensinamentos florescente nas igrejas cristãs primitivas, e por isso, teve de mudar o foco da sua escrita, uma vez que pretendia falar sobre a comum salvação dos cristãos, teve que mudar o rumo para algo mais urgente e necessário ao seu tempo.
Veremos que essa mudança ensina quão necessário fora essa exortação e como ela permanece viva e atual para a igreja contemporânea.

“À todos os amados, ansiando escrever à vós, o zelo concernente da nossa comum salvação realizada por Cristo, mantenho a necessidade a escrever à vós para exortar, transmitindo de uma vez por toda à fé aos santos” (Jd. 1:3)

ARGUMENTAÇÃO TEOLÓGICA

O momento pelo qual foi escrita a carta exigia agilidade, uma vez que falsos ensinos estavam entrando no seio da igreja do Senhor, contaminando o povo com todo tipo de doutrina humana. Ainda que o desejo inicial de Judas escrever não fosse com o propósito de falar acerca desses falsos ensinamentos, teve que mudar o seu discurso para evitar que a igreja se corrompesse por esses falsos mestres.
Judas inicia esse versículo, demonstrando que sente grande desejo, em está escrevendo aos amados (cristãos). Nota-se que a palavra que Judas usa para designar esse anseio é poioumenoj, que significa um forte desejo que arde no coração. Judas estava com o desejo ardente em escrever aos cristãos sobre o zelo referente à salvação. É possível que o autor tivesse planejado, reunido material e talvez tivesse começado uma obra acerca das glórias da fé cristã, um tratado não polêmico, que serviria para exortar, encorajar e ensinar aos crentes. No entanto, apareceu um tema mais urgente que precisava de instrução e de zelo.
Esse zelo, spoudhn, ganhou no Novo Testamento conotação de “pressa”, “rapidez”, “urgência”, a importância dessa carta estava evidente, muitos já estavam possivelmente sendo enganados por falsas doutrinas e falsos mestres, uma vez que, ele continuou com sua motivação em escrever, afim de, lançar uma severa advertência à igreja, concernente á raiz gnóstica que estava surgindo em meio o povo de Deus. A carta precisava circular rapidamente. Nesse texto essa palavra é usada em conexão de uma carta importante.
Judas queria tratar inicialmente acerca da comum salvação dos cristãos, pois esse também era um tempo importante e fundamental para a igreja. Ele entendia que o homem precisa ser conduzido a uma transformação segundo a imagem moral de Cristo.
Só é possível transformar-se a semelhança moral de Cristo por meio do perdão dos pecados, do arrependimento, da fé que nos motiva a crer em Jesus, da santificação e da glorificação que acontecerá no dia que nos encontrarmos com o Senhor. Esse processo de transformação é contínuo, no qual, as almas humanas estão sendo transformadas dia após dia, afim de, que tenham suas mentes transformadas e experimente a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Para entendermos o que Judas está querendo tratar mais afundo, é importante analisarmos os pormenores existentes no texto, cada palavra é fundamental para uma boa compreensão. Por exemplo, notemos o uso que ele faz da preposição peri, esse tipo de preposição geralmente é empregada comumente com advérbios, especialmente peri e apo` que denotam significativamente algo relativo a tempo ou lugar.
Peri, tem como significado básico e local “em torno de ou circulando”, também sendo encontrados significados que designa um centro de atividade, um objeto em torno do qual gira uma ação ou um estado. Veja que Judas nesse texto faz uso da preposição como meio de ligação de uma oração a outra, onde a segunda oração está subordinada a primeira, ou seja, a salvação pela qual Judas queria tanto falar aos cristãos estava subordinada ao seu desejo ardente de escrever sobre isso.
Notemos que Judas, queria tratar de algo comum entre os irmãos, algo que eles participam juntos e que tinha grande alegria por fazer isso. Por isso, ele diz a nossa comum salvação. Comum (koinhj), na maioria dos casos que aparece principalmente nos escritos do Novo Testamento, diz respeito a “parceiro”, “companheiro”, “participante”, algo comum entre duas ou mais pessoas. No entanto, a tradução mais aceita e sensata que deve ser feita é traduzida como gerúndio, ou seja, “compartilhando”, “participando”.
Judas queria deixar bem claro a todos os irmãos que eles fazem parte de uma comunidade, onde, todas as coisas são comuns entre eles, principalmente no que concerne a salvação, uma vez que Deus não faz acepção de pessoas, mas ama a todos de maneira incondicional. Essa comum salvação é possível mediante a fé que une os cristãos universais, sem se preocupar ou medir espaço, tempo ou denominações, mas tão somente a fé genuína no Cristo Ressurreto.
Essa comunhão pela fé tem como base a pregação apostólica do Jesus histórico, andar na luz, e o sangue de Jesus que purifica de todo o pecado, e que assim exclui o orgulho sectário que nega a encarnação e representa falsamente o caráter do pecado.
Tamanha era a urgência que Judas tinha de escrever aos cristãos, que ele fala sobre essa necessidade de mudar o foco da sua conversa inicial de salvação para exortação contra falsos ensinos. Essa necessidade (a)nagkhn), anteriormente era o poder que determinava toda a realidade, o principio que dominava o universo, sendo por várias épocas atribuído a um caráter divino.
No Novo Testamento, essa palavra ganhou uma conotação bastante significativa, pois serve tanto no ativo quanto no passivo para descrever uma “compulsão” ou um “constrangimento” que não depende do emprego de força externa, e em demais ocasiões ocorrem como predicativo que significa “necessário”, no sentido de exposição do conceito da história da salvação que se sustenta mediante a crença na providencia de Deus que governa os processos e eventos da história.
Judas percebeu que era necessário exortar ao povo sobre esses falsos ensinamentos, uma vez que, se eles se proliferassem no seio da igreja, poderia causar danos irreparáveis na salvação de determinados cristãos. Por isso, a sua pressa em escrever e em fazer circular essa carta tão significativa, não apenas para aquela época, mas para todos os tempos.
Essa exortação de Judas deve ser contemporânezada, pois mais do que nunca as igrejas tem vivido debaixo de um profundo sincretismo religioso, cada vez mais crescente. Doutrinas de demônios têm sido ensinadas em determinados púlpitos, pessoas de boa fé estão sendo enganadas, é necessário que se levante homens zelosos, que lutem pela apologia da fé.
Judas então escreve aos cristãos, afim de, exortá-los a batalharem pela fé. Essa é a posição que deve ser tomada pela igreja, ela como agente de transformação social e espiritual deve resplandecer a luz de Cristo em meio à escuridão do pecado.
Essa exortação (parakalwn) significa “conclamar”, “convidar”, “consolar”, “encorajar”. A exortação sempre esteve presente em meio à vida da igreja, especialmente como a tarefa dos profetas cristãos primitivos. A exortação é uma parte quase que estereotipada (inalterável) da vida da igreja.
A era presente ganha ainda mais importância para a exortação, uma vez que a parousia pode acontecer a qualquer momento. Assim, enfatizam-se ainda mais a exigência quanto à conduta correta nesta vida. Agora é o tempo importante para as pessoas se comprovarem.
Por este motivo, Judas exorta as pessoas a andarem retamente. É necessário adverti-las que devem permanecer fiéis ao Senhor, continuando na fé, salvando-se a si mesmos.
A necessidade de dominar o presente leva à exortação no sentido de “andar condignamente”, ou seja, proporcional ao mérito da salvação dada gratuitamente por Cristo.
Por este motivo, afirma Judas que todos devem firmar-se naquilo que foi ensinado, mediante a fé em Cristo Jesus, que os cristãos, uma vez por todas ou para sempre precisam se posicionar em defesa daquilo que eles crêem
Uma vez por toda (apac), Judas diz que os cristãos em hipótese alguma podem aceitar ou se deixar enganar por outro evangelho que não esteja centralizado em Cristo. Jesus Cristo foi quem nos trouxe a revelação final de Deus, a nova aliança. Sendo assim, se maiores revelações tiverem de ser dadas, terão de estar centralizadas em Cristo.
A linguagem de Judas é altamente dogmática, altamente ortodoxa, altamente zelosa. Seu tom é o de um bispo do século IV. Homens que usaram tais palavras criam apaixonadamente em um credo. Judas cria que era necessário de uma vez por todas, aniquilar todo tipo de doutrina que não glorifica a Deus, e que surgia apenas para destruir a comunhão do povo com o seu criador.
Vemos, ele validando a sua exortação, quando ele fala por meio de quem foi entregue esses ensinamentos. Primeiramente foi entregue aos apóstolos, que transmitiram a outros, o que tinham recebido diretamente do Senhor, como também através de revelações subseqüentes, dadas pelo Espírito Santo, as quais, finalmente, vieram a fazer parte do Novo Testamento.
Judas irmão de Tiago e meio irmão de Jesus, ainda que não relacionado entre os doze apóstolos, foi testemunha ocular de muitos milagres e ensinos praticados pelo mestre. Sabia da necessidade de não deixar o povo perecer em meio a tanta informação falsa que estava recebendo naqueles dias.
Além disso, aos santos (agioj), é um título comumente aplicado aos crentes, o que mostra que devem ser santificados, pois, de outra maneira, não serão salvos, porque sem a santificação ninguém verá a Deus, conforme escreve o autor da carta aos Hebreus.
No Novo Testamento a palavra santo está diretamente ligada com inocência a respeito de alguma coisa, moralmente puro, reto: referido a Cristo, a respeito do bom comportamento do cristão e como atributo de sabedoria. Da mesma forma, os cristãos são chamados a serem santos como Ele é Santo, a serem perfeitos como Ele é Perfeito.
Dessa maneira, o cristão é fortalecido no Senhor e assim torna-se capaz de vencer toda e qualquer dificuldade espiritual e física que surja em seu caminho durante sua caminhada cristã.
Por fim, Judas diz que é por meio da fé que de uma vez por todas fora dada aos santos, que se pode combater e resistir firmes contra esses ataques hereges. Essa fé (pistei) que Judas fala, é uma fé diferenciada, pois não é uma fé falsa, hipócrita ou mentirosa, pelo contrário, é uma fé genuinamente sem hipocrisia e sincera.
No original grego a palavra pistei, significa basicamente “confiança”, que pode referir-se a uma declaração, de tal modo que tenha o significado de “depositar a fé em”, “deixar-se convencer”. Judas estava dizendo que os crentes devem depositar a sua fé em Cristo que é o autor e consumador dela.
O cristão só pode ter uma vida de vitória, à medida que ele deposita toda a sua confiança, naquele que é capaz de abençoá-lo mesmo em meio à impossibilidade humana.
Acreditamos que Judas continua ainda hoje, ensinando sobre o gnosticismo, que fere a doutrina genuinamente cristã. Muitos têm fechado os seus olhos para os constantes ataques de satanás. Ele está vindo de maneira sutil e tem destruído muitas vidas.
Essa epístola no ensinou a lutarmos e a fazermos apologia da fé. É preciso que a igreja se posicione, removendo toda a imundícia, toda idolatria, todo orgulho, todo tipo de pecado do seu meio. Se verdadeiramente estamos caminhando para a salvação que está em Cristo, então lutemos para que no fim da carreira possamos dizer, “combati o bom combate, percorri a carreira, guardei a fé e venci”. Somente uma vida de santidade ao lado de Cristo fará cada um de nós sermos não merecedores mais aptos ao recebimento da coroa dada pelo Senhor.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Análise Exegética de II Timóteo 1:3-7

Análise Exegética de II Timóteo 1:3-7

“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (II Tm 4:6). O velho missionário Paulo, após tantas viagens e de tantos trabalhos feitos pela obra do Senhor e depois de presenciar tantos livramentos e prodígios que Deus até então havia feito por ele e através dele, agora se encontra preso e sem esperança de sair vivo daquele que seria o seu último cárcere. Ele havia entendido que o seu tempo chegou ao fim e dá prisão envia os seus últimos conselhos ao seu amado filho Timóteo, o discípulo amado e fiel.
Tempos difíceis virão, diz Paulo, as pessoas não sentirão prazer em ouvir mais a nossa pregação filho, mas não tema por causa disso, você não foi chamado para agradar as pessoas nem para falar o que elas desejam ouvir, muitos vão se voltar para as coisas vãs desse mundo, porém, você não pode olhar o exemplo deles, pelo contrário, “seja sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (II Tm 4:5). A obra pela qual o Senhor tem te chamado é mui sublime, nada nessa terra se compara com aquilo que Deus tem reservado para você filho. Portanto, mantenha vivo o dom de Deus que há em ti.
Sei que não será fácil, nem tenho esperança que o seja, mas isso não é o mais importante, pois Deus tem te capacitado, com poder, com amor, com moderação, além do mais a tua fé tem sido manifestada como sincera e genuína, eu acredito em você tenho plena convicção que Deus fará grandes coisas por seu intermédio, por isso, tenha ânimo, não pense em desistir porque as pessoas desvalorizam e desprezam o seu ministério por ser ainda jovem.
De fato, já estou partindo, você será um dos meus substitutos, estou convicto que a igreja ficará em boas mãos. Sua cooperação em todos esses anos me foi por demais útil, se eu pudesse rever-te sentiria muita alegria. Se não for possível nos encontrarmos mais, lembro-te que deves manter-se fiel ao Senhor Jesus Cristo dando exemplo para os demais que você é um servo que depende plenamente do Senhor. Não se esqueça de exortar com humildade e amor, além do mais “pregue a palavra, inste a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes com toda longanimidade” (II Tm 4:2), você foi chamado pelo Senhor, faça tudo isso com diligencia, não se envergonhe de ser uma testemunha de Jesus Cristo.
Filho, o que o Senhor tem proporcionado para nós é incomparável. Estou certo, que em breve me encontrarei com o Rei da Glória, e já não haverá mais dor, sofrimento nem choro, apenas eterna alegria e felicidade. O Senhor tem preparado uma coroa de justiça ao qual em breve me será dada e também dará a todos os que amarem a sua vinda e permanecerem fiéis a Ele, por esta razão, esteja com os olhos fito no Senhor e batalhe com fé e esperança.
Eu poderia ter feito muito mais para o Senhor, mas por alguma razão não o fiz e Deus o sabe por que, mas tenho certeza que combati o bom combate, percorri a carreira que me foi proposta, olhando para o prêmio que estava posto em minha frente, e guardei a fé em meio aos açoites, prisões e afrontas, fui algumas vezes considerado um mau feitor, mas tudo isso suportei, por causa, do troféu que outrora havia recebido por Cristo, mesmo antes de o conhecer.
Como bom soldado de Cristo que és, lute pela fé que em ti há, faça resplandecer a luz de Cristo nos corações dos aflitos, enfermos e prisioneiros, não despreze o dom que Deus te deu, faça com que vejam o que Deus pode fazer em favor daqueles a quem ele ama. Que “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito, a graça seja convosco amém” (II Tm 4:22).

Versículo 3 “Tenho gratidão à Deus, ao qual, sirvo com a consciência pura, partindo anteriormente dos meus antepassados, assim como incessantemente mantenho acerca de ti a lembrança em minhas orações de dia e de noite”.

Paulo inicia o versículo, agradecendo a Deus, louvando os atos graciosos de Deus, prova disso é a palavra xarin (gratidão), ao qual, Paulo chama de (um revestimento pessoal com graça) a operação multiforme da única graça dos cristãos de maneira individual, mediante o único Espírito. Depois continua dizendo que serve a Deus desde os seus antepassados. A maneira de Paulo servir, a Deus, é de um serviço religioso, pois a palavra grega usada para servir aqui no texto é latreuw, como uma atividade que denota adoração, ou seja, Paulo serve a Deus com uma atitude interior de adoração. É interessante notarmos a importância da palavra empregada pelo apóstolo Paulo, pois se ele tivesse utilizado, por exemplo, a palavra diakonew, o serviço teria uma conotação de uma ajuda pessoal a outras pessoas, note que o texto diz que Paulo faz referência não ao serviço pessoal de outras pessoas, mas ao Serviço a Deus, ainda que esse serviço implique ou indique que o Serviço de Paulo a Deus inclui ou envolve outras pessoas.
Ele serve a Deus desde os seus antepassados, ou seja, ele vem de uma família que serve a Deus religiosamente, e que por isso, o apóstolo Paulo foi ensinado a servir a Deus como eles mesmos serviam. Como é de costume, os judeus desde muito cedo aprendem as Sagradas Escrituras, principalmente o Pentateuco, tanto é que vemos Paulo dizendo que foi criado aos pés de Gamaliel, um fariseu, mestre da lei. Desde a sua juventude o apóstolo Paulo serve a Deus religiosamente. No entanto, agora o serviço está estritamente relacionado com a pessoa e obra de Cristo, e não simplesmente com o cuidado demasiado com a lei, colocando fardos pesados que nem os próprios fariseus suportavam.
O uso da preposição apo` nesse versículo também é fundamental, pois ela faz uma ligação direta entre dois acontecimentos ou dois elementos da oração, nesse caso, a preposição, está ligando a maneira como Paulo (regido) serve a Deus, com a maneira que os seus pais (regente) serviram a Deus. Sendo assim, a preposição demonstra que há uma subordinação do segundo (regido) termo em relação ao primeiro (regente). Freqüentemente apo`marca o ponto geral de onde procede a ação ou movimento. Nesse caso, a maneira como Paulo serve a Deus é a mesma forma em que aprendeu dos seus antepassados.
Assim, notamos que a forma ou molde em que o apóstolo Paulo serve a Deus é com “consciência pura”. A consciência é o lugar onde o ser reflete sobre determinada ação, a fim de, julgar os seus próprios atos. Paulatinamente, essa consciência da qual Paulo fala, ganhou um sentido moral, como de julgamento e discernimento. Esse conceito de consciência ganhou destaque nos escritos de Paulo, tanto é que ele afirma que a consciência boa e pura é uma característica do verdadeiro cristão.
Sendo Paulo um cristão converso, tinha de possuir essas características, pois isso o caracterizava como um servo de Cristo. Juntamente com um “coração puro” e uma “fé sem hipocrisia” II Tm 1:5, Paulo menciona a consciência como sendo a fonte do amor em ação.
Para que a consciência seja válida, é necessário ser “pura”. O adjetivo utilizado por Paulo é katara, que está relacionada com uma pureza espiritual, física ou moral. Outro termo que é utilizado para demonstrar pureza é agnoj, porém,
originalmente esse tipo de pureza estava ligado mais a um atributo da divindade do que a uma característica pertencente ao homem comum. Esse termo aparece apenas nas epístolas e denota inocência a respeito de alguma coisa, moralmente puro, reto.
Katara, originalmente significa “limpo” em três âmbitos, física, ritual e ética. Com Jesus o conceito de pureza ganhou uma nova conotação, não está mais relacionada com uma pureza meramente ritualística ou cerimonial, mas sim uma pureza espiritual, interna. Dessa forma, no tempo das epístolas pastorais o conceito ganhou caráter parcialmente ético, vemos que a pureza da qual, Paulo trata, diz respeito a uma pureza do coração e da consciência, ou seja, não uma aparência de puro, mas uma vida plenamente pura diante de Deus e dos homens.
A história do conceito de puro demonstra como os escritores do NT esforçavam-se para manter uma doutrina evangélica da pureza, e quão facilmente se pode recair num ponto de vista legalístico. Este desenvolvimento demonstra que, na proclamação cristã, a luta entre a Lei e o Evangelho deve ser constantemente travada de novo, a fim de se atingir uma doutrina de pureza centralizada em Cristo, trazendo libertação aos homens, ao invés de lhes trazer legalismo e ansiedade.
Paulo diz que se lembra de Timóteo em suas orações constantemente, o que tem grande significado, uma vez que a palavra grega adialeipton, em todos os contextos em que ela aparece no Novo Testamento, expressa uma preocupação incessante e inabalável para com os outros, principalmente nas orações e no louvor.
A lembrança (mneian), que Paulo tem acerca de Timóteo é uma lembrança desejosa, que o apóstolo tem em mente, e por essa razão, ele não se esquece do seu filho amado, como ele próprio designa Timóteo.
Assim sendo, Paulo agradece a Deus por servi-lo com uma profunda adoração religiosa desde os seus antepassados, tendo consciência de que seus atos eram agradáveis a Deus, uma vez que ele diz que possui uma consciência pura, não uma pureza que denotava limpeza exterior, mas a pureza do apóstolo era interior, espiritual.

Versículo 4 “Desejando te ver, tendo lembrado das tuas lágrimas, afim de que, minha alegria seja completa”

Notemos a palavra “desejando”, no original grego, essa palavra pode ter uma gama de significados, principalmente quando se utilizam outras palavras que denotam a mesma tradução, mas não o mesmo significado. No novo testamento a palavra mais comumente utilizada é epiqumew, e denota na maior parte dos textos algo má. Porém, a palavra que Paulo empregou para falar a Timóteo sobre o seu desejo de vê-lo é epipoqwn e tem uma aplicação de algo que é digno de louvor. Paulo sempre usou a palavra desejo no bom sentido, sendo assim, quando Paulo fala para Timóteo que deseja vê-lo, está demonstrando um desejo especificamente forte de encontrar-se com ele.
Tão forte era o desejo de Paulo encontrar-se com Timóteo, que ele diz que a sua alegria seria completa quando isso acontecesse. A alegria de Paulo emprega-se nos bons desejos que uns expressam para com os outros ao se cumprimentarem ou se separarem, pois o termo usado foi xaraj, a qual possui essa conotação. Outras palavras como eufrainw, indicam uma sensação subjetiva de alegria, e agalliomai a demonstração externa de alegria e orgulho e a exultação experimentada no culto público.
Xaraj denota tanto condição da alegria como a causa dela. Por isso, as epístolas de Paulo testificam o paradoxo de que a alegria cristã se acha somente em meio à tristeza, à aflição e aos cuidados. Esta alegria tem sua fonte além da alegria meramente terrestre e humana. É alegria, no Senhor, e, portanto, fora de nós mesmo. É por isso que Paulo constantemente lembra seus leitores da existência dela, e os exorta a manifestá-la.
Vemos a pessoalidade do texto, essa maneira pela qual Paulo escreve a Timóteo é tão íntima que demonstra um profundo relacionamento de amor, companheirismo, afeto, um pelo outro, a ponto de que o simples fato de Paulo vê-lo, já completaria toda a sua alegria.

Versículo 5 “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, aquela que habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti”.

Como já vimos Paulo fazendo menção no versículo 3 acerca da lembrança de seus antepassados e a maneira como eles serviram a Deus. Neste versículo o
apóstolo inicia dizendo que recorda ou que traz a memória (u(pomnesij), a fé de seu amigo Timóteo. Quando Paulo cita essa palavra u(pomnesij, está demonstrando que está completamente convicto da fé que Timóteo possui. Esse lembrar (trazendo à memória) nesse texto, desempenha um papel de importância em sustentar a vida da fé.
Além do mais, a fé de Timóteo (pistewj), é uma fé diferenciada, pois não é uma fé falsa, hipócrita ou mentirosa, pelo contrário, é uma fé genuinamente sem hipocrisia e sincera. No original grego a palavra pistew, significa basicamente “confiança”, que pode referir-se a uma declaração, de tal modo que tenha o significado de “depositar a fé em”, “deixar-se convencer”. Sendo assim, podemos dizer que Paulo deixou-se convencer pela fé de Timóteo.
É tão importante entendermos o uso da palavra pistewj, que temos que analisá-la nos pormenores, uma vez que quando pistew for usada para referir-se a pessoas, ela significa “obedecer”, se for usada no passivo, significa “desfrutar confiança”, quando é o adjetivo que é usado piston, significa “confiante, fidedigno”, sendo assim, dependendo da forma em que está inserida essa palavra pode variar, em gênero, número e modo.
Percebemos que Paulo está dizendo que a fé de Timóteo é sem hipocrisia, uma vez que ele obedece a Deus mediante todas as circunstancias adversas ou não que ele enfrenta, se submetendo a vontade de Deus sem questioná-lo, o que só é possível ter uma fé assim, sendo obediente. Por isso, obediência nesse sentido é a fé sem hipocrisia de Timóteo.
Paulo fornece uma nova declaração de fé, em um contexto que se opõe ao fanatismo e aos falsos ensinos, que ficaram conhecidos posteriormente por gnósticos. Esse versículo, apresenta a tese: “O intuito da presente admoestação visa o amor que procede de um coração puro e de consciência boa e de fé sem hipocrisia”. Pode-se detectar aqui uma tendência que se opõe ao fanatismo. O mandamento do amor aqui é reformulado para incluir a fé. A solidez da fé estabelece um novo padrão que distingue a vida cristã de todos os ensinamentos falsos.
Mesmo Timóteo sendo filho de um pai incrédulo, “E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego (At 16:1), foi ensinado a andar nos caminhos que andou
sua mãe e sua avó Lóide, servas de Deus, que educaram Timóteo a andar nos caminhos do Senhor seu Deus. Assim como Paulo serve a Deus como seus pais serviram, Timóteo demonstra ter a mesma fé que havia em sua avó Lóide e em sua mãe Eunice, uma fé sincera, de obediência a Deus.
O verbo que Paulo usa para indicar que está convencido da fé de Timóteo é pepeismai, e esse verbo se encontra no tempo perfeito do indicativo passivo, o que indica ou expressa uma atitude de certeza, ou então apresenta um fato como real. Timóteo de fato possuía uma fé digna de confiança. A fé sem hipocrisia de Timóteo era tão evidente, que vemos em algumas passagens a fama dele se espalhando por cidades circunvizinhas a que ele morava, “Do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio” (At 16:2). Por essa razão Paulo diz que está ansioso em revê-lo, uma vez que transbordará de alegria, pois recorda da sua fé sem fingimento.

Versículo 6 “Por causa daquela razão, relembro-te, acender novamente o fogo, o dom de Deus que está em ti, através da imposição das minhas mãos”.

Até aqui parece que Paulo fez uma introdução do que ele realmente deseja falar para Timóteo, então ele começa agora nesse versículo a expor ou recomendar Timóteo naquilo que ele quer propor. Sendo assim, Paulo diz: “por causa daquela razão”, ai)tian (razão) no original é empregada com um sentido causal “por esta razão, portanto”, declarando a razão porque alguma coisa acontece, e o que aconteceu possivelmente é a fé sem fingimento de Timóteo que Paulo falou no versículo anterior.
Interessante a importância do uso da preposição dia`, pois a função da preposição é ligar palavras entre si, ou seja, é uma palavra conectiva, ligando orações entre si, por isso, vemos nesse versículo uma explicação daquilo que Paulo fez referência anteriormente e que agora o explana para Timóteo.Vemos também que a preposição dia` é também empregada a respeito da imposição das mãos do apóstolo Paulo, no caso da consagração de Timóteo, como se a imposição das mãos apostólicas fosse uma exigência prévia para a “ordenação”, dia` denota a causa instrumental do recebimento por Timóteo do dom de Deus.
Além disso, o texto diz sobre o dom (xarisma) que Timóteo recebeu mediante a imposição das mãos do apóstolo Paulo. Esse dom trata-se de um dom
especial dado a indivíduos cristãos, e trata-se de uma capacitação espiritual para desempenho de determinado cargo. O Espírito dá ao homem união e comunhão com Cristo, os dons o equipam para o serviço que decorre desta comunhão. Na igreja, todos os demais dons (usualmente xarisma, graça) são os resultados desta dádiva única.
Paulo fala que Timóteo precisa acender novamente o fogo, (despertar, acordar, excitar, manter viva, fazer com que arda) o dom que ele recebera do Senhor. Na versão NVI a palavra utilizada é “mantenha viva a chama o dom de Deus”, o que implica que não estava apagada ou se apagando, mas que poderia vim acontecer. Por esta razão, Paulo diz que ele deve ficar atento para que essa chama não se apague. Para que ele ponha em prática tudo o que o Senhor o entregou e o capacitou para fazer, encorajando-o que mesmo em meio às dificuldades que ele irá enfrentar o Senhor sempre estará com ele capacitando e dando força para que ele desempenhe bem a obra que Deus confiou em suas mãos, assim, Paulo diz: “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (II Tm 4:5).

Versículo 7 “pois Deus não deu à nós o espírito de covardia, mas de poder, e de amor, e de moderação”.

Paulo diz que Deus não deu a Timóteo espírito de covardia. Em algumas versões aparecem à palavra medo, timidez ou acanhamento. Parece que por algum motivo Timóteo estava acanhado, tímido. Talvez fosse devido às grandes responsabilidades que Paulo confiou a ele. Paulo estava encarcerado, e Timóteo havia sido enviado à Éfeso, como líder autorizado da igreja, um “bispo em embrião”.
O apóstolo Paulo estava preste a ser martirizado, e maiores responsabilidades recairiam sobre o jovem Timóteo. Ele agora deveria preservar intacto o ensino dos apóstolos. Tão grande era a responsabilidade de Timóteo, que isso pode ter gerado medo em seu coração e ele possa ter colocado em dúvida a sua capacidade de administrar todas essas questões.
Pelo que as Escrituras mostram em outras passagens, parece que Timóteo era de temperamento tímido. Em nossos dias, talvez pudéssemos dizer que ele era “introvertido”, voltado para dentro. Encontramos evidências de que ele relutava em algumas tarefas difíceis, tanto que Paulo teve que abrir caminho para sua missão, “E
se Timóteo for, vede que esteja sem receio (temor) entre vós”; “.... ninguém pois o despreze” (I Co 16:10,11). Por várias vezes nessa carta, Paulo exorta a Timóteo a tomar a sua parte no sofrimento e a não ter medo ou vergonha, já que Deus não nos deu espírito de covardia, “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo” (II Tm 2:3). Tendo confiança que tem uma coroa reservada para todos os que amarem a vinda do Senhor e permanecerem nele, “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (II Tm 4:8).
Além do mais, Deus deu (didwmi) espírito de poder, e de amor, e de moderação. Essa palavra aparece quase sempre acompanhada de um dom que Deus distribui aos cristãos e principalmente nos escritos de Paulo, didwmi ganhou a conotação de graça livre e não merecida da parte de Deus.
Timóteo ganhou espírito de Poder (dinamewj), ao qual, representa uma capacidade recebida para realizar algo, físico, militar ou político. Indica o poder para agir que alguém recebe em virtude da posição que detém. Timóteo tinha a responsabilidade de dirigir a igreja de Éfeso, e pra isso, Deus o capacitou com o poder necessário, que ele precisava para desempenhar essa tarefa.
Também foi dado a Timóteo o espírito de amor (agaph), que é empregado para falar do amor de Deus ou o modo de vida que nele se baseia. Paulo está falando que Timóteo recebeu o espírito de amar como Deus ama, não é um mero amor humano, como “filew”, retratado como amor entre amigos ou parentes próximos, nem mesmo uma amor “eroj”, que emerge de um desejo de ter ou tomar posse, mas sim um amor “agaph”, que emana do próprio criador. Diante de tudo, que Timóteo viria a enfrentar, sem dúvida, precisaria ter em si o amor de Deus, para permanecer em Cristo.
Paulo fala do “amor de Deus” para com os homens, e do “amor de Deus para com outros indivíduos”, que a presença de Deus evoca. Ou seja, o amor que Paulo cita ter recebido Timóteo, tem um único ponto de origem, Deus. E esse amor, representa a eleição de Deus. O Senhor elegeu todos a salvação, e alguns deles, dentre esses, Timóteo para ser um dos seus embaixadores na terra.
Além do mais, Timóteo ainda recebera o dom de moderação, (conter-se, não se deixar levar pelas próprias paixões ou apetites). Ele havia recebido de Deus a
capacidade de vencer, evitando todos os perigos que podiam atrapalhar. Paulo vê a capacidade, o esforço deliberado no sentido de uma prudência bem-pensada, fundamentada na fé. Sendo assim, a prudência ou moderação, não é um dado básico estóico, nem uma virtude baseada em princípios; é, pelo contrário, um elemento necessário do amor que mantém a tensão entre o comprometimento e a distância recíproca.
Paulo diz que não tem porque Timóteo temer ou se acanhar, não é necessário ele ficar tímido, uma vez que os dons que Deus concedeu a ele são suficientes para a missão que a ele fora confiado pelo Senhor. “No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor” (I Jo 4:18). Esse ensinamento tem conotação parecida com que o apóstolo Paulo diz a Timóteo. Uma vida cheia de poder, amor e moderação, trazem capacitação suficiente para romper com qualquer dificuldade alavancada espiritual ou fisicamente. Tudo que Timóteo tem a fazer é manter viva a chama, o dom de Deus, que habita nele, mediante a fé sincera que possui.
Há vida nem sempre é fácil. Se tratando de ministério as coisas são bem mais agravantes. Dificuldades, problemas, sofrimentos, falta de reconhecimento, ingratidão, constantemente se levantam contra o homem cristão. Nessas ocasiões, quase que sempre, a reação do homem é de esmorecer, pensa por muitas vezes em voltar a trás, porém, é em meio às dificuldades que a verdadeira fé e confiança se manifestam na vida do cristão. É o Deus de graça, que o capacitou e que continua capacitando o homem a vencer as barreiras da dificuldade e viver inteiramente dependente d’Ele.
Todo esforço de motivação, restabelecimento, despertamento, meramente humanos são vãs. Somente através do Espírito Santo que concede os dons, é que se torna possível, a vitória do servo obediente a Deus.
Quando a fé se mostra sincera, faz com que o cristão sirva a Deus com adoração profunda, que emana do seu interior sendo agradável a Ele. A sincera adoração demonstra o grau de compromisso que o cristão tem para com o seu Senhor, uma vez que esse não mede esforços para fazer cada dia mais àquilo que satisfaça o desejo e a vontade de Deus.
Hoje mais do que nunca, a exortação e conselhos do amado apóstolo Paulo, continua soando com um timbre de encorajamento para os líderes cristãos, que
demonstraram e que convenceram muitas pessoas acerca da sua fé sincera em Cristo.
É preciso manter vivo a chama, o dom de Deus, e não trocá-lo por coisas fúteis e passageiras. Muitos estão se deixando corromper por poder, riquezas, mulheres, fama. Homens e mulheres que mesmo conhecendo o poder de Deus, o amor de Deus, a graça de Deus, estão sendo traídas pelos seus próprios prazeres, esmorecendo a fé sincera que habitou profundamente em seus corações.
Portanto, deixe que o dom que habita em ti, se manifeste e verás que todas as coisas que provém do próprio homem não tem em si significância se ao Senhor não estiver agradando. Mantenha acessa a chama e o Senhor o capacitará e resplandecerá sobre ti a sua Glória.